segunda-feira, outubro 29, 2007

Interferências

Sempre me pareceu que tudo o que existe à minha volta tem vários níveis de entendimento, há momentos grandes disfarçados de pequenos, gente pequena mascarada de grande, confunde-se timidez com antipatia, rotina por vulgaridade, o afecto por interesse, a alegria com uma tolice. É um mundo misterioso, este. Na maior parte do tempo corre-se atrás de coisas sem importância e procura-se preencher o vazio que há em todos nós com as mais variadas inutilidades. Passamos ao lado dos pormenores mais insignificantes: os vidros embaciados, as mãos enrugadas pela água quente, o murmúrio nocturno das grandes cidades… Ligamos a televisão e viramos canais, à procura de qualquer coisa. No entanto, aquilo que nos acalma e eleva ‘tá mesmo aqui à nossa volta… invisível e inclassificável, habita por baixo da camada de ruído permanente que nos envolve, e atrás de todo esse som há uma luz, atrás desse muro, há uma festa!

By David Fonseca (WEBISÓDIO 3 - Interferências)


domingo, outubro 21, 2007

Apelo aos sentidos.

Há muito que ando distante, talvez por necessidade ou então uma mudança implementada que há muito deveria ter acontecido. De resto o meu Eu mantém-se. Continuo a querer muito mais, continuo a desejar tudo o que desejava e que ainda não consegui, continuo a querer ir mais além do que já tenho. Se mudei? Penso que não, simplesmente despertei e alimentei um lado meu que há muito queria vir cá para fora. Uma vontade. Amo cada vez mais os que ainda por cá vivem à minha volta, cada vez mais o arrependimento deixa de fazer sentido, a satisfação de ter tomado todas as decisões por mim, e de finalmente todas elas serem as mais correctas, pelo menos por agora, deixa-me feliz. A independência e o gosto por tomar decisões são importantes para toda a gente. Um afastar e aproximar de sentimentos, uma descoberta de sensações nunca antes sentidas, e sim, talvez uma tristeza, mas essa, tinha que mais cedo ou mais tarde vir ao de cima, mas uma tristeza por tudo aquilo que ainda não consegui, uma tristeza por a vida não ser exactamente como queria, mas existe, e isso é o mais importante, um prazer enorme em vivê-la. Desgostos? Revoltas? Não existem, a "mente dá a importância, às coisas, que ela quer". Conseguir rir sem parar mostra uma alma enorme, com uma vontade de crescer infinita. Passar duas horas a ver uma coisa que se gosta muito, e vir a lágrima aos olhos, é perceber que no mundo existem coisas lindas, com uma pureza incrível, com um sentimento claro de que esta vida é um prazer e não uma obrigação. Ser feliz não é uma obrigação, a busca da felicidade deixa de fazer sentido a partir do momento em que essa busca deixa ser um acto de sedução, é preciso seduzir os outros, é preciso cultivar para podermos colher. Não se consegue colher uma flor sem a termos plantado. Não se esqueça disso. A mentira? A mentira... toda a gente mente, é saudável, ninguém tem que saber a verdade sobre tudo e todos. Mas evitem-na, é a pior humilhação que existe para a alma. Porque a alma, é a única que sabe a verdadeira verdade. Há verdadeiras mentiras, já pensaram nisso? Mas não há mentiras verdadeiras... e as pessoas esquecem-se disso. E um conselho: nunca acredites na tua própria mentira. Quanto ao amor, toda a gente sabe o que é, a minha descrição de amor não é a mesma que a tua, por isso, as minhas palavras não vão ser compreendidas por ninguém, limito-as ao meu mundo.
E apela aos sentidos, não os deixes desvanecer, cultiva-os.