Um começo... Um começo onde a renovação é a palavra de ordem, sem os pudores nem as restrições, um novo ciclo está prestes a iniciar.
Porque dispenso medos, receios e tristezas, aqui apela-se ao bom senso e à felicidade.
Decido, então, deixar de andar agarrada ao que já passou e a sede de viver coisas novas começa.
Agora sim vou olhar para ti com olhos de saudade e apreciar por completo o que há-de vir. É que, se coisas do meu passado tiveram o prazer de me atormentar durante este tempo, penso que chegou a hora de as coisas começarem a só por si fazer sentido.
Será que ainda vou a tempo de ter um lugar na frente?
Pergunto-me a mim mesma: para quê esperar quando o espectáculo já começou?
E porque agora estou bem disposta, fica aqui o poema mais lindoooooooooooo do mundo:
Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...
E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...
Inconstância – Florbela Espanca