segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Estava a olhar à minha volta e a pensar no sentido disto tudo. E a pensar no que ouvi hoje, numa entrevista da Maria Elisa onde lhe perguntaram se era feliz, claro que ela deu uma resposta inteligente mas ao mesmo tempo por mais banal e politicamente correcta que fosse, fez-me pensar, e se calhar se fosse outra pessoa a dizer aquilo não tinha o mesmo impacto em mim como teve. Ela limitou-se a pensar e serenamente respondeu que sim, e que todos éramos porque tínhamos a possibilidade de viver num país que nos dá determinadas condições para termos dinheiro para comer e para viver. Enquanto que nos países pobres há mães que nem comer têm para dar aos filhos. Todos nós sabemos isto, certo? Mas ao mesmo tempo isto mexeu comigo num plano interpretativo diferente, fez-me pensar que eu vivo muito do pensar “há pessoas piores que eu”, portanto deixo-me estar quieta e não posso exigir muito mais das situações, dos afectos, das relações,... Porque efectivamente há gente pior que eu. Somos condenados por deitar uma lágrima na sequência de um problema que tivemos, quando existe crianças a passar fome no mesmo instante. Somos condenados por sofrermos com os nosso menos bons momentos quando injustamente não nos lembramos de que há pessoas em piores situações que nós. Devo dizer que não sei o que está correcto, se é correcto pensar que existe na realidade problemas mais complexos que os meus, ou se tenho que pensar na minha vida e naquilo que eu realmente sinto. Sei que é injusto pensar só em mim, mas a partir do momento em que pensamos “no outro que está pior que eu” pomos de lado determinadas ambições e desejos que são imprescindíveis. Portanto continuo sem perceber o que se deve pôr em primeiro lugar, talvez daqui a uns aninhos chegue lá.