domingo, junho 17, 2007

Quem me conhece sabe que não passo horas, aliás, não tenho o habito de ler um livro, já o disse e já me tentei fazer entender a muitas pessoas explicando a razão porque não gosto de ler livros. Em contrapartida sou viciada em poesia, principalmente Florbela Espanca, podendo mesmo afirmar que se quisesse um dia explicar a alguém a minha vida, assim muito resumidamente os meus ideais, os meus objectivos, os meus pensamentos e emoções, seleccionava uns quantos poemas de Florbela Espanca e dava para a mão dessa pessoa.

Se quisesse explicar a essa mesma pessoa a minha forma de amar mostrava-lhe versos do poema "Amar":

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... Além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Um poema que me define... sem dúvida "Inconstância", que é desde sempre o meu preferido:

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Agora vou voltar para a minha secretária e sentar-me que amanhã há frequência.