domingo, novembro 19, 2006

Tea For Two Com Aspas

E o som dum piano a tocar no meio da rua deserta pela noite e pelo frio? É fácil de imaginar…

E o calor de um abraço dado mais que carinhosamente na praia?

Também é fácil de imaginar…

E um livro comprado em branco para que se possa completá-lo?

E a simples ideia de que pensar não é viver, mas viver é pensar?

E olhar para o céu e desejar ter uma estrela, mas não a conseguir apanhar nem com o maior esforço do mundo?

E jogar e perder, mas perder sem jogar?

É possível…

E a harmonia de um beijo em que se dá, mas não se recebe…?

E escrever e não fazer sentido, mas fazer sentido o que se vive sem escrever?

E olhar pela janela e sorrir porque se sentiu um olhar longínquo, mas olhar o olhar longínquo sem sentir e muito menos sorrir?

E tomar decisões e sentir-se orgulhoso de si próprio, mas sentir-se orgulhoso sem ter tomado decisões?

E comprar um relógio para não se sentir perdido, mas sentir-se perdido mesmo com um relógio?

E desejar que a vida lhe corra bem, mas a vida corre à sua frente e você nem tempo tem para desejar?

Se isto fosse tudo tão simples, não estaria aqui a escrever.

Estaria, certamente, no meu sonho desta noite.

“Melhor não há do que a condição de querer sonhar…”

E se todos soubéssemos os pensamentos, ninguém andava triste, mas todos ficam tristes quando os sabem…

É melhor isto ficar, mesmo, assim…

E por medo, vou continuar a fugir, de mais uns anos de felicidade.

Por medo…