Não resisti a postar aqui partes de uma entrevista que saiu hoje na revista Vidas do Correio da Manhã. O entrevistado é "Nuno Braamcamp (...) o homem "forte" da empresa de espectáculos Ritmos & Blues, que esta noite (12 de Agosto) apresenta o concerto dos Rolling Stones, no Estádio do Dragão, Porto."
Pois bem mas o que me interessa agora desta entrevista toda é mesmo as exigências que os cantores fazem à empresa que os contratam, que essas sim, deram-me vontade de rir.
Ora bem, o Prince atrasou o seu espectáculo 20 minutos porque pediu uma bola de basquetebol e decidiu ficar a treinar os cestos em vez de dar início ao seu espectáculo a tempo e horas, e “quando decidiu ir para o palco que ficava a 20 ou 30 metros do camarim, o Prince foi de limusina!”. Mas isto não fica por aqui, porque o cantor fez mais umas quantas exigências, e uma delas foi pedir uma taça com ‘smarties’ mas sem a cor castanha.
Mas o cantor que mais complicou a coisa foi Michael Jackson, porque o cantor “exigiu (na sua suite) um piano branco, um leitor de vídeo de uma marca específica – que na época nem sequer havia em Portugal.” Após as exigências feitas, quando os responsáveis pelo espectáculo voltaram à suite, para ir buscar as coisas, perceberam que o cantor nem sequer as tinha usado. No entanto, isto não ficou por aqui, Michael Jackson quis que lhe fechassem as Amoreiras para ele poder ir fazer compras, com alguma dificuldade lá conseguiram, mas o cantor à última da hora decidiu ficar a brincar com o sobrinho.
E o que há para dizer sobre isto? Acho que o texto fala por si. Afinal de contas estes artistas têm o mundo a seus pés. Uma coisa é certa, acho que isto é um ciclo vicioso: se a empresa não cede aos caprichos, então também não conseguem contratar os artistas, se não conseguem contratar os artistas a empresa não ganha dinheiro, e se não ganha dinheiro a empresa acaba. Infelizmente é assim.
Achei piada a uma parte em que este promotor diz “Em termos de lucros, a grande fatia do bolo vai para o ‘manager’, o artista e o agenciamento. O promotor fica com uma percentagem mínima.” E eu penso sinceramente que quem está no mundo da música considera-se sempre um desgraçado. Até porque este senhor tem uma cara de fome, vê-se mesmo que a tal “fatia do bolo” que lhe calha deve ser mínima. E realmente sejamos sinceros, o “manager” e o artista obrigatoriamente têm que ser quem ganha mais, um promotor não estava a espera que as receitas do espectáculo fossem direitinhas para ele. Eu acho piada, a sério, custa-me ouvir as pessoas queixarem-se na música, principalmente os cantores a queixarem-se do dinheiro que ganham, custa-me ouvi-los falar que pela venda dos CD’s ganham muito pouco, mas de facto o que é que eles querem? Têm os concertos, e acho muito bem que estes sejam as suas fontes de rendimento, até porque a venda dos CD’s faz sentido que vá para a produtora. E isto obriga os cantores a fazerem concertos, porque senão viviam da venda dos álbuns e não estavam minimamente preocupados em satisfazer o público, que gosta é do espectáculo ao vivo.
Muitos se têm queixado da música que se faz em Portugal, muita tinta corre nos jornais por causa disso, mas sejamos realistas, o povo português adere aos concertos, vibra com os cantores nacionais, tem orgulho em cantores como o Rui Veloso, Luís Represas, Mariza, Xutos e Pontapés, entre outros, para não falar dos cantores de música, dita, pimba (Quim Barreiros, Tony Carreira, Emanuel, Ágata, …) onde os concertos estão sempre cheios. Vivemos em Portugal onde se faz boa música, onde existe bons compositores, músicos, etc. acho que é importante dar valor a isso, e quem disser que não se vive da música, mente.