quarta-feira, agosto 23, 2006

Desabafo meio envergonhado

Mostrar ao mundo a nossa fragilidade faz com que o coração se amachuque como folha de papel prestes a ir para o lixo. E é difícil essa sensação passar. Pior é, quando a fragilidade não tem medo de se esconder e aparece sem pedir licença.

Sempre tive a sensação que a minha mente, há uns tempos para cá, está reduzida a uma insignificância que me faz não lembrar dela. Parece que aqueles post-it que as pessoas ainda se davam ao trabalho de usar, desapareceram. Sinto-me só, é difícil sentir-me só com tanta gente a girar à minha volta, mas eu sinto-me. Se calhar não dou valor ao que tenho, alias a realidade é que nunca dei. Parece que a mente vê tudo transparente, parece que a euforia de ter faz com que eu apague as emoções que isso me poderia dar. É estranho. Não consigo perceber. A maneira com que eu lido com o mundo deixa-me numa incompreensão que nem a natureza compreende. Eu sou feliz, mas tenho saudades de o ser.

Um dia a Sara Tavares disse “A vida não muda se não a mudares, o mundo não gira se não o girares”, mas o problema aqui, é que o mundo gira sozinho e se a vida muda ou não, na maior parte das vezes não és tu quem decide, às vezes ela muda, também, sozinha.

A pior sensação que existe em português é a saudade, e preferia que a palavra não existisse, mas mais uma vez, eu sinto aquilo que não tenho, e a realidade é que eu não sinto saudades. Sinto é as flores a murcharem, o brilho da vida a desaparecer, o sol a esconder e tu, que nem eu sei quem és, mas tu, a escurecer. A verdade é que perdeste toda a cor, digo eu.

Com um sinto muito pelo meio, termino uma viagem pelo planeta dos sonhos, e como em todas as viagens há as recordações, e por muito que não queira, tu trazes-me algumas, sem sequer saber que existes, mas trazes.