Sem perceber porquê…
Cheguei a casa e liguei o computador, o relógio neste momento tem o prazer de me mostrar que são 4h22 e faz-se silêncio. Um silêncio que não é silêncio porque eu oiço um terrível zumbido a mexer a cabeça. Apetecia-me escrever com sinceridade mas não posso, por isso decido escrever qualquer coisa sem sentido, para variar um bocado o habitual, só me apetece escrever e basta. Sempre achei que a inspiração vinha do nada e a realidade é que cada vez que queria por alguma coisa em papel, neste caso em computador, não conseguia, porque ninguém faz realmente coisas bem feitas quando é obrigado.
Um pouco de desabafo…
Tenho medo no que me tornei, tenho medo do meu próprio pensamento. Terrível, terrível. E… sem perceber porquê… desencadeio uns gritos no silêncio que me faz companhia. Não que isso faça mudar alguma coisa, porque o silêncio está cá, mas talvez porque o facto de o pensar muda alguma coisinha.
Sempre que penso na mudança que as vidas sofrem, dou por mim a pensar no imaginável. (Que raio de tendência irónica em ir para a chegada muito tempo antes de observar a partida.) Que cobarde… como é possível estar a sentir o cheiro de uma coisa que não está ao pé de mim. Há um livro que explica isso, mas que eu incultamente não sei o nome, mas sei uma parte e na única parte que sei de toda a parte do livro, há alguém que vai no autocarro e sente, aliás descreve minuciosamente os cheiros. De facto é que nunca li o livro, mas sei, é a mesma coisa, não estás aqui mas o teu cheiro está cá. Praticamente o mesmo. Por falar em livro, lembro-me dum livro que um professor de Filosofia aconselhou, que não sei porquê (de facto não sei…) mas ficou-me na memória “O Admirável Mundo Novo”, e no livro há uma descrição espectacular de um prédio, não me perguntem o resto, porque não li o livro, mas sei. O livro está magnífico, e se bem me lembro, é um homem (selvagem) que chega à cidade e encontra um “mundo novo”, no qual ele nunca tinha estado. Basicamente é o que sinto, mas com a agravante que eu o conheço. Olha se isto não for assim, critiquem-me, mandem cartas para o Ministério da Educação e divulguem a situação. Descontextualizado. Manias… Bolas.
Bem acho que vou dormir, este bocadinho deu-me sono, aliás, o facto de não escrever uma única coisa com interesse dá-me sono. Estou a ouvir Billy Joel – She’s got a way, calculo que seja antiga, mas é o ideal para se misturar com os sentimentos neste momento. Acho que nuns post’s bem atrás escrevi sobre o “não vasculhar o passado”, mas o que é facto é que me apetece contrariar essa opinião. Será? Não sei se tenho mente suficientemente saudável neste momento para o fazer. Só sei que ninguém é insensível e tudo se sente, agora, com menos ou mais intensidade, e é aqui que está a diferença. A minha vida é um livro, que para não variar, nunca o li, e é assim que quero que ele permaneça até ter coragem suficiente para o abrir.
E os últimos apontamentos no meu livro será, qualquer coisa como, desligar o pc, apagar a luz, ouvir as últimas palavras da noite, pôr-me de lado, agarrar-me à almofada, desligar o coração e adormecer.